Aviso da ATE nacional a Javier Milei: “Se isto é uma guerra, vamos enfrentá-la”

O chefe da ATE nacional, Rodolfo Aguiar, alertou sobre a “guerra” que Javier Milei propõe ao Estado

Nesta quinta-feira, uma greve nacional contra o demissões em massa que reaquece conflitos na estrutura da administração pública. Em meio a esse contexto de medidas sindicais, o secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (COMEU), Rodolfo Aguiaralertou que se o governo de Javier Milei lançar “uma guerra”contra funcionários públicos, tenha em mente que eles “negócio”.

Em entrevista tensa com o jornalista Eduardo FeinmannAguiar ecoou algumas declarações do líder nacional, e manifestou sua discordância com a política levada a cabo pelo Poder Executivo em relação ao emprego público.

“Não vejo que você seja tão exigente com um presidente que usa termos de guerra conosco, que diz algo como ‘eliminamos funcionários públicos, sou um espião infiltrado nas fileiras inimigas e odeio o Estado’. Aí ele se pergunta e diz ‘nada melhor do que alguém que odeia o Estado e pode destruí-lo por dentro’”, disse ele. E completou: “Se isso é uma guerra e nós somos os inimigos, saiba que vamos enfrentá-los. É ele ou nós”.

O sindicalista questionou ainda que as medidas de redução de gastos públicos de Milei não se aplicam às suas. “O Presidente não se cansa de incorporar amigos para os quais inventa cargos que não existem na estrutura orgânica da administração e garante salários mensais milionários“, disse Aguiar, em declarações à rádio Mitra.

Na véspera de uma festa popular que será realizada na Plaza de Mayo, o dirigente sindical afirmou que os funcionários do Estado têm um “sobrecarga de guilhotina que cai a cada três meses”, que é o prazo fixado pelo Governo na avaliação da continuidade ou separação de quadros do Estado.

Rodolfo Aguiar, em meio a protesto por demissões no Estado
Rodolfo Aguiar, em meio a protesto por demissões no Estado

Do seu ponto de vista, Aguiar rejeitou que os cancelamentos de contratos de trabalho no Estado estejam ligados a suposições “nhoque”. “Se forem retirados dados oficiais, do Indec, desde dezembro de 2023 até agora existem 20.000 vagas a menos e em nenhum caso, mesmo que tenhamos pedido ao presidente que publicasse a lista dos nhoques, ele poderia comprovar a existência de alguma pessoa que recebesse salário sem trabalhar, pelo contrário”, ressaltou.

O conflito ocorre em ondas no Estado. No início desta semana, o Governo confirmou uma nova vaga de despedimentos de funcionários do Estado e ocorreram incidentes em frente ao Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI). O o protesto terminou com prisões.

Em determinado momento da entrevista, o chefe da ATE nacional fez um contraponto ao analisar a vitória eleitoral de Milei no segundo turno: “Temos que ter uma visão reflexiva e perguntamo-nos o que aconteceu se um Presidente que disse que o Estado tinha de ser destruído ganhasse as eleições”. E frisou: “Isso estava numa foto, o filme continuou e hoje as pessoas estão sendo destruídas. O défice zero é uma elaboração doutrinária do liberalismo, desta extrema direita: O Estado não é uma empresa. Em tempos de crise profunda como esta, o Estado pode trabalhar com prejuízo porque tem de estar com o seu povo”, argumentou o dirigente sindical.

Por outro lado, o sindicalista destacou que o Lei Básica é inútil” e considerou que “deveria ser jogado no lixo o mais rápido possível”. “É só para os planejadores com isenção fiscal, para o (Marcos) Galperin que está infratores em série das leis trabalhistas que fogem para o Uruguai, para donos das empresas de energia, CEO dos laboratórios. “Este Governo não tem conseguido levar a cabo uma única medida que consagre direitos ou benefícios para o povo”, concluiu.

Rodolfo Aguiar mostrou-se um dos líderes mais conflituosos do setor público
Rodolfo Aguiar mostrou-se um dos líderes mais conflituosos do setor público

Vale lembrar que Aguiar é um dos líderes mais conflituosos desde o início da gestão de Javier Milei. Nos últimos meses, participou ativamente em protestos e mobilizações de rejeição às políticas do Governo e ao ajustamento na estrutura do Estado, o que atinge a base de representação da ATE.

Com ironia, ele se referiu ao Pacto de Maio e questionou os termos da convocação, lembrando que a Casa Rosada pediu aos convidados que comparecessem em ternos escuros. “Estou convencido. O frustrado, até agora, Pacto de Maio É o despertar da Nação como a conhecíamos. É por isso que os convidam para comparecer de terno preto. Muitos governadores se arrastam e até se vestem de luto. Saiba que, apesar de você, Não vamos parar de lutar!“, postou Aguiar na rede social X.

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