Milei se encontrou com Bolsonaro e juntos viram a eliminação do Brasil: governo Lula aguarda seu discurso no encontro da direita em Camboriú

O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira;  o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas;  Milei, Bolsonaro, o senador Jorge Seif e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello
O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira; o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas; Milei, Bolsonaro, o senador Jorge Seif e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello

Fiel ao seu estilo, Javier Milei fez o oposto do que se espera de um presidente tradicional. Sua primeira visita ao Brasil não foi para conhecer o atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silvamas sim para se encontrar com seu rival mais antagônico que está disposto a derrotá-lo nas próximas eleições. JairBolsonaro ontem à noite recebeu o líder libertário no lobby do hotel da cidade balneária de Camboriú onde acontece a reunião do CPAC, organização de direita da qual participam líderes políticos de toda a América, incluindo o norte-americano Donald Trump.

À vista do público e registrados em vídeos que mais tarde viralizaram, Milei e Bolsonaro se cumprimentaram no lobby do hotel Mercure e depois assistiram juntos, em clima de camaradagem, à derrota do Brasil para o Uruguai, que deixou o time verde e amarelo fora da Copa . América nas quartas de final. Ambos demonstraram uma relação de afeto pessoal e harmonia política, o que contrasta com o vínculo duro e hostil que ambos mantêm com Lula.

Milei e Bolsonaro assistiram ao jogo entre Uruguai e Brasil. Foi assim que viram os pênaltis que terminaram com a eliminação da Canarinha (fonte X)

O presidente argentino chegou a Camboriú acompanhado de sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, do porta-voz Manuel Adorni e do documentarista presidencial, Santiago Oría. Milei vai discursar esta tarde – em horário a definir – perante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), no Expocentro de Balneário Camboriú, que serviu de plataforma para o lançamento da candidatura 2026 de Bolsonaro. Também foi convidado o ministro da Defesa, Luis Petri, que também fará um discurso.

De acordo com o que eles confirmaram Informações fontes oficiais, Milei se reunirá com Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo; e com Jorginho Mello, governador do Estado de Santa Catarina. São dois homens-chave com enorme influência política no ambiente do ex-presidente brasileiro, assim como o deputado federal Eduardo Bolsonaro, com quem o líder libertário mantém um diálogo fluido. Ele também conversará com empresários industriais catarinenses, antes de discursar na CPAC.

Estas palavras serão aguardadas com especial interesse pelo governo Lula, que fez saber oficiosamente que, caso se repitam as desqualificações ou queixas contra o presidente brasileiro, está disposto a retirar o seu embaixador de Buenos Aires. Milei poderia ter ido com a intenção de continuar a escalada do conflito? O Itamaraty estará disposto a chamar urgentemente o embaixador Julio Glinternick Bitelli para consulta? O pano de fundo não ajuda para essas respostas, que não têm respostas em lugar nenhum. O pano de fundo não ajuda, dada a encruzilhada dos últimos dias.

A recepção calorosa de Bolsonaro a Milei em Camboriú

“As coisas que eu disse acima são verdadeiras. Quais são os problemas? O que eu disse corrupto? E ele não foi preso por ser corrupto? E o que eu te disse, comunista? E ele não é comunista? Desde quando você tem que se desculpar por dizer a verdade? Ou somos tão cansado do politicamente correto “Não se pode dizer nada à esquerda, mesmo que seja verdade?”, disse o líder libertário numa entrevista.

Foi em resposta a uma declaração anterior de Lula, sobre o porquê de ele ter recebido apenas uma saudação fria e breve na reunião do G7: “Não falei com o presidente da Argentina porque acho que Ele deve pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele disse um monte de bobagens. Eu só quero que ele peça desculpas. Eu amo a Argentina, é um país que gosto muito, é um país muito importante para o Brasil, e o Brasil é muito importante para a Argentina. “Não é um presidente da República que vai criar discórdia entre Brasil e Argentina”..

Depois dessa subida, Informações revelou no último domingo que Milei decidiu cancelar sua participação na reunião de chefes de Estado do Mercosul que aconteceria em Assunção na segunda-feira, 8 de julho. Foi atribuído a um problema de agendamento, visto que no dia seguinte será realizada a vigília do Dia da Independência em Tucumán, onde ocorrerá a assinatura do promovido Pacto de Maio. Mas na verdade foi a desculpa para cometer o erro e evitar a formalidade de compartilhar uma foto ou se expor a uma catinária na frente dos demais dirigentes.

Mas não parou por aí. Poucas horas depois, ele confirmou que estaria em Camboriú para participar da cúpula do CPAC Brasil, onde o deputado Eduardo Bolsonaro convocou líderes de direita da região como José Antonio Kast, líder do movimento Ação Republicana, fundador do Partido Republicano e que foi derrotado no segundo turno das últimas eleições presidenciais no Chile por Gabriel Boric. Também convidou o Ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoroum dos principais colaboradores do presidente Nayib Bukele e responsável pela elogiada e questionada política de combate ao crime no seu país. Enquanto o representante do México era o ator e cantor Eduardo Verastegui. De qualquer forma, a grande maioria dos participantes do evento são líderes do bolsonarismo, como o legislador também Nikolas Ferreirao ex-Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e o pastor e senador Magno Maltaalém dos governadores De Freitas e Mello.

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Mas sem dúvida a estrela do evento foi Javier Milei, tanto pela sua popularidade como pelo facto de ser um presidente em exercício que está abertamente em conflito com Lula Da Silva. No Brasil, o presidente só será eleito em outubro de 2026, mas o cenário político já se configura para um novo turno entre os mesmos adversários nas eleições gerais. De qualquer forma, Bolsonaro enfrenta um cenário judicial complicado: além de acusá-lo de tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023, surgiu agora um novo processo por suposto “roubo” de joias recebidas quando era presidente.

Dos últimos citados, destaca-se um tema que vem virando notícia. Dezenas de militantes identificados com Jair Bolsonaro que foram presos e condenados pela Justiça pela tomada dos prédios dos três Poderes, em Brasília, fugiram e cruzaram a fronteira de forma irregular. O organizador da CPAC, que é Eduardo Bolsonaro, esteve na Argentina pedindo que fosse concedido o status de refugiado a todos aqueles que vieram para a Argentina. O governo Milei, por enquanto, sente-se obrigado a respeitar a lei e as decisões judiciais e esclareceu que não tem qualquer intervenção na concessão do estatuto de refugiado.

O Itamaraty informou que na última sexta-feira, 7 de junho, sua Embaixada em Buenos Aires “enviou ao Itamaraty uma carta do Supremo Tribunal Federal solicitando a verificação de que 143 fugitivos da justiça brasileira estão em território argentino”. A imprensa brasileira havia revelado há dias que quase cinquenta pessoas condenadas pelo protesto de janeiro de 2023 quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram para vários países do Cone Sul, principalmente para a Argentina. De todos eles, um meio de comunicação identificou sete que entraram na Argentina para solicitar formalmente asilo político. Segundo a mídia UOL, é Ângelo Sotero, músico, 59 anos; Gilberto Ackermann, corretor de seguros, 50 anos; Raquel de Souza López, 51 anos; Luis Fernandes Venâncio, empresário, 50 anos, São Paulo; Alethea Verusca Soares, 49 anos; Rosana Maciel Gomes, 50 anos; e Daniel Lusiano Bressan, 37 anos.

Nada ainda se sabe sobre eles. Não está descartado que seja tema de conversa entre Milei e Bolsonaro, embora haja pouco tempo: antes das 20h ele quer estar em Buenos Aires.

Febre Milei em Balneário Camboriú.  Ademar Meirelles caracterizado como o primeiro presidente libertário
Febre Milei em Balneário Camboriú. Ademar Meirelles caracterizado como o primeiro presidente libertário

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