O famoso grupo de Manuel, Raúl e Óscar Quijano, três irmãos leoneses que formaram a sua banda, ‘Café Quijano’, nos anos noventa e que até hoje continuam a conquistar os ouvidos do seu vasto público, actuam esta noite no palco do a Plaza Mayor, onde farão as delícias da população de Salamanca com canções do seu último álbum ‘Manhattan’ e alguns dos seus clássicos. Desde Salamanca24horas contactámos Óscar Quijano, um dos membros e vozes do grupo:
– Sua banda, ‘Café Quijano’, está no palco há mais de vinte e cinco anos, qual é o segredo?
Não sei. Na realidade, o segredo está nas pessoas, que continuam a ouvir-nos e continuam a querer contar connosco. Suponho também que o segredo é fazer bem as coisas e oferecer algo que possa ser interessante para o nosso público.
– São um grupo que une várias gerações, como conseguiram isso?
Quando começamos falávamos que nosso público ia dos 9 aos 90 anos, nos shows você via uma menina, com a mãe e o avô. Com o passar do tempo, percebemos que esses pais, que hoje têm a nossa idade, têm filhos para os quais tocam a nossa música em casa ou no carro. Os jovens de hoje não constituem a maior parte do nosso público, mas cresceram com a nossa música através dos seus pais.
-Como você se define como grupo?
Somos espanhóis e fazemos música espanhola. Temos muita influência latino-americana. Nosso pai, que era músico, tocava música e folclore latino-americano para nós quando éramos crianças. Fazemos pop rock latino e talvez seja aí que esteja a diferença. A originalidade do grupo está nas vozes. Não importa o que cantemos, assim que a nossa voz é ouvida, as pessoas nos reconhecem e sabem que é algo nosso. No final dos anos noventa, a mídia, com o álbum ‘O extraordinário paradoxo do som Quijano’, cunhou o termo ‘som Quijano’, e acredito que o associaram às vozes.
– Você tem alguma referência musical?
Acredito que todo mundo já ouviu artistas diferentes ao longo da vida. Nós, como já contei, começamos a ouvir o folclore latino-americano de nosso pai quando éramos crianças. Uma das referências para nós, e de facto com quem aprendemos a tocar e a cantar, foram os grandes trios mexicanos ou cubanos, como ‘Los Panchos’, ‘Los tres reyes’ ou ‘Armando Manzanero’, daquele estilo de música. . Depois, quando você envelhece e ouve música contemporânea a gente olha também para Santana.
– Já dividiu o palco com artistas como Santana, Céline Dion ou Black Eyed Peas, qual foi o seu favorito?
Não dá para escolher um ou outro, porque todos foram excelentes. Também estivemos com Joaquín Sabina, com alguns mexicanos, Mijares… Todos se destacam porque todos têm a sua importância e todos deixam uma memória indelével. Para nós sempre foi um orgulho poder contar com estes artistas, estar ao seu lado e que tenham cantado connosco. Para nós é uma grande honra.
– ‘Manhattan’ é o nome do seu último álbum e também o nome de uma das músicas, por quê?
Residimos grande parte do ano na Flórida e Manhattan fica nas proximidades. Numa dessas viagens, com o nosso amigo pintor Domingo Zapata, que se reflecte na canção, fomos a um lugar chamado ‘A caixa’, uma espécie de cabaré algo diferente ou inesperado. Lá celebramos uma festa ‘diferente’ e decidimos intitular aquela história de ‘Manhattan’. Pareceu-nos muito apropriado.
– Qual é a sua música da qual você se sentiu mais orgulhoso ou completo?
Se você perguntar a um pai ou a uma mãe qual filho é o seu favorito, eles nunca escolherão um. Acho que todos eles são importantes naquele momento. O que é curioso, e também acontece com os pintores cantores ou com qualquer artista em geral, é que quando você termina a criação, no caso a música ou o álbum, você tem que fechá-lo e resolvê-lo completamente porque você não pode passar dez anos fazendo um álbum., mas quando você pensa que está finalizado, você sempre vê que algo mais poderia ter sido feito. Mas bom, gostamos de dizer que cada música tem sua importância na sua época e no nosso caso todas têm. Talvez aquele que nos deu o primeiro impulso para seguir em frente e que se tornou um ponto de viragem na nossa carreira tenha sido ‘La Lola’.
-O que ‘La Lola’ significa para você?
‘La Lola’ é um apelo em defesa das mulheres. O homem sempre faz o que quer e é ‘macho’ e a mulher parece não conseguir. No final das contas é o chute de um homem que gosta de uma mulher, e ela tem personalidade e faz o que quer.
– Vocês três são irmãos, sempre tiveram claro que queriam se dedicar ao mundo da música?
Na vida, absolutamente não. Acredito que somos um dos casos mais atípicos da história da música. Desde crianças temos fotos tentando tocar os três. Sempre estivemos em contato com a música e acredito que, justamente por isso, nunca pensamos em nos ensinar música. Estudamos, praticamos esportes… Certa vez, em 1996, Manuel veio dos Estados Unidos e nos propôs formar um grupo. Além disso, o meu pai tem uma casa em León, que hoje se chama ‘La Lola’, e é onde cantávamos e tocávamos quando tínhamos 18 anos, mas como se fosse um trabalho. Foi em 96 que começamos a levar isso a sério, mas na vida já tínhamos pensado em criar um grupo.
– O que espera do seu concerto em Salamanca?
Nós amamos Salamanca. Nosso irmão mais novo estudou lá e temos viajado muito. Temos muitos amigos e muito contato com Salamanca, é uma grande cidade, um ‘berçário de vida’ com tantos estudantes e tem uma linda Plaza Mayor. O público sempre nos respondeu muito bem e nos sentimos em casa.