O presidente Javier Milei Voltou a alertar que vetará qualquer lei que implique uma despesa para o Estado nacional. Disse-o em diversas ocasiões e reafirmou-o depois de a Câmara dos Deputados da Nação ter dado meia sanção a uma lei que estabelece um regime de mobilidade de reformas.
O presidente informou em sua conta X –ex Twitter- que vetará a norma. Fê-lo insultando os legisladores que votaram a favor da norma, com uma foto tirada com inteligência artificial que os classificou como “ratos”. No entanto, a publicação não desanimou os legisladores, que alertaram que o Congresso tem o poder necessário para fazer avançar a medida.
“Não vou entregar o déficit zero. “Uma parte do Congresso mostra uma vocação sistemática para a destruição do equilíbrio fiscal, o que leva à perda de valor dos títulos e com isso ao aumento do risco país e da taxa de juros”, escreveu Milei com a imagem de uma caixa com notas cercado de ratos e um leão com uma serra elétrica.
Além disso, durante o seu discurso no 10º Fórum Económico Latam, acrescentou: “Eles estão a tentar quebrar o equilíbrio fiscal. Quando ele assumiu Nayib Bukele (presidente de El Salvador) não teve um único legislador, nada. Ele governou por puro veto; Tudo o que aprovaram, todos vetaram. E é isso que vou fazer“ele insistiu
Do Congresso eles respondem. “Não cometa erros. Pelo menos quatro blocos que apoiaram a lei votaram a favor. O apoio tem sido total. Foram alcançados dois terços da Câmara dos Deputados”, explicou fonte parlamentar. “Poderíamos perfeitamente insistir no seu veto, apelar a uma consulta popular para que os cidadãos decidam sobre as reformas, ou mesmo rejeitar o seu DNU na fórmula”, acrescentou.
O veto presidencial é um poder do Executivo -foi usado por todos os presidentes desde o retorno da democracia-, mas não significa necessariamente que uma lei não possa ser aprovada.
A norma estabelece que o chefe de Estado tem o poder de vetar total ou parcialmente uma leie se isso acontecer retorna à Câmara de origemonde será apreciado primeiro e depois passará novamente para a Câmara revisora. Se ambos insistirem na sua sanção, o projeto inicial poderá ser ratificado.
A única restrição que se aplica é que, independentemente de ter sido aprovado por maioria simples – metade mais um -, no processo de revisão deve ser ratificado em ambas as câmaras por dois terços dos votos, isto é, uma maioria especial.
Se ele Congresso da Nação definir através de votação de dois terços insistir com a norma, o Poder Executivo nacional deve aceite isso e regulamentá-lo no prazo estabelecido pela regulamentação vigente.
O cenário não é o melhor para o governo nacional. A meia sanção foi alcançada com os votos da União pela Pátria, da União Cívica Radical, da Coligação Federal, da Coligação Cívica e dos Blocos Federais de Inovação. A votação geral foi: 160 afirmativos. 72 negativo. 8 abstenções. Como estavam presentes apenas 260 deputados, o voto afirmativo alcançou dois terços da Câmara. Os mesmos números foram dados na votação, em particular, dos Capítulos I e II da norma.
Dois terços da Câmara significam, se todos estiverem presentes, 172 votos nessa linha. Porém, neste caso, como a Constituição não diz explicitamente que tem que ser de todo o órgão, são necessários dois terços dos presentes para rejeitar o veto e insistir na norma.
Quem votou contra foram os blocos de La Libertad Avanza (38 deputados) e PRO (37), o que dá um total de 72. Se todos os legisladores estivessem presentes, esses blocos teriam que agregar outros porque precisam de, pelo menos, 87 deputados para bloquear os dois terços.
Do radicalismo, que é o bloco que convocou a sessão e acabou por impor a sua posição no acordo feito pelas forças políticas, apontaram: “Fizeram-nos mil propostas relativamente ao conteúdo e conseguimos sustentar uma opinião responsável , nos moldes do que foi avaliado pelo Congressional Budget Office. Não aumentamos o custo tributário além do estipulado. O pagamento para ajustar a inflação de janeiro que os aposentados perderam permaneceu em 8%, o mesmo que o PRO havia proposto em seu plano de 12 parcelas.”